Verdes encantos

Por vezes sonhamos conhecer locais tão distantes, que pouco mais têm para nos oferecer do que praias de areia branca e um calor brutal. A parte da areia branca se vier aconpanhada de um mar azul turquesa também me agrada, contudo, temperaturas tropicais é uma cena que não me assiste!

Daí que, tendo em conta a velha máxima do "vá pra fora cá dentro", rumamos aos Açores, Ilha de S. Miguel, com a promessa de temperaturas amenas e de uma natureza exuberante. Classificar de exuberantes as paisagens naturais que vimos faz-nos sentir que pecamos por defeito, no entanto faltam as palavras para descrever a beleza captada pelos nossos olhos. E como uma imagem vale mais que 1000, aqui ficam 2000 palavras que nos deixaram sem fala.

Os percursos carinhosamente recomendados, juntamente com guias e dicas de uma verdadeira conhecedora, permitiram-nos partir à descoberta de S. Miguel, percorrendo com encanto e admiração todos os seus verdes recantos.

Rumamos à Ponta da Ferraria, um lugar de paisagens vulcânicas, para um primeiro banho nas suas piscinas naturais aquecidas por duas nascentes de águas termais de origem vulcânica. Contudo as marés não nos favoreceram os intuitos, visto que, apesar de a água brotar das nascentes a uns escaldantes 68º, na preia-mar a entrada das ondas faz descer a temperatura para os 18º, pelo que tivemos que lá voltar na baixa-mar para nos consolarmos com uns 30 e muitos graus. Eu já me consolava bem com os 18º, mas como não somos todos iguais podemos dizer que havia temperaturas para todos os gostos, desde insuportavelmente quentes para alguns a maravilhosamente frescas para outras.

Corpos refrescados ou aquecidos, retomamos a estrada até às Sete Cidades, para um piquenique na base da Lagoa azul. Paraíso idílico de uma calma única e uma estranha biodiversidade: uns lagostins em miniatura que nos receberam de pinças para o ar no meio da relva, alertando-nos talvez para não os calcarmos por distração.

Subindo e descendo por montes e vales fomos descobrindo várias lagoas menos conhecidas, mas não menos belas que as famosas, e fomos admirando as vistas da ilha oferecidas pelos inúmeros miradouros que se cruzavam no nosso caminho sempre ladeado por maravilhosas hortênsias.

O nosso roteiro levou-nos também pelas majestosas Lagoas do Fogo e das Furnas, pela Caldeira velha, pelas Fumarolas e pelo parque Terra Nostra com direito a mais uma dose de banhos quentes e umas quantas de cozido. Visitamos e trouxemos ainda connosco um pouco da sabedoria transmitida nas plantações de chá e na fábrica de licores.

Terminamos a nossa viagem com uma travessia até ao ilhéu de Vila Franca do Campo, desta feita para uns belos banhos refrescantes dentro de um anel rochoso no meio do mar plantado, para acalmar o calor abrasador que se fazia sentir e anestesiar o pensamento de que levantaríamos voo dentro de algumas horas, deixando para trás aquele paraíso verde cujas paisagens permanecerão para sempre gravadas na nossa memória...