Vai-se andando...

No sábado fui ao Teatro. Por sorte consegui comprar os dois últimos bilhetes disponíveis para o espetáculo do José Pedro Gomes. E que grande espetáculo!
Um homem sozinho num palco apenas com um banco e um galo de barcelos insuflável a seu lado a retratar o português comum ... o português do «Então? Tudo bem?...Vai-se andando!»
É cómica e ao mesmo tempo triste a caracterização do Tuga, onde inevitavelmente num ou noutro comentário nós nos revemos com algum embaraço. E por falar em embaraço, não há nada como falar do tempo que faz, fez e fará, quando os temas de conversa entre dois Tugas se acabam e passam 5 segundos de um embaraçoso silêncio! Haja paciência, falta de criatividade e incapacidade de aceitação do silêncio que tão bem nos faz!
No decorrer da conversa não conseguimos deixar de rever na nossa mente todos os Tugas que fazem parte do nosso dia a dia. ( Isto quando não nos tornamos num deles!) Os que invariavelmente respondem vai-se andando ao nosso tudo bem?...os que se queixam de tudo e a toda a hora! Porque faz calor, porque faz frio, porque o país está em crise, porque o governo nada muda, porque o governo muda tudo, porque as estradas precisam de obras, porque as estradas estão em obras... e de quem é a culpa de tudo isto? Do Sócrates, pois claro!
Não há já paciência para todas estas queixas e críticas constantes de pessoas que o fazem por sistema e se autodeprimem com todo este burburinho que lhes ocupa a mente e que, apesar de terem saúde, trabalho e viverem confortavelmente, não conseguem responder em conformidade quando lhes perguntam ...

«Está tudo muito bem, obrigada!»


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